Crítica | Twisters é um F3 na Escala Fujita
- Victor Lee
- 11 de jul. de 2024
- 4 min de leitura

Muitos se perguntam como alguns eventos naturais causados pela ação do ar podem resultar em catástrofes e devastações. Para entender isso, é importante explicar o que é um tornado, irmão dos furacões e tufões, sendo todos filhos dos ciclones tropicais. Um tornado é um fenômeno atmosférico associado a uma nuvem de tempestade e a condições muito instáveis de tempo.
Um tornado é caracterizado por um funil formado por ventos que giram em alta velocidade em torno de um centro de baixa pressão. Quando esse funil toca o solo, o fenômeno recebe o nome de tornado. Embora tenha uma “curta duração”, os ventos de um tornado podem superar a velocidade de 400 km/h, causando grande destruição.
Assim, apresento a nova continuação de “Twisters”, longa homônimo do diretor Jan de Bont, lançado em 1996. Agora, a direção está a cargo de Lee Isaac Chung (Minari). A trama foca em uma dupla de caçadores de tempestades. Kate Cooper (Daisy Edgar-Jones) é uma ex-caçadora desses fenômenos, mas é atraída de volta às planícies por seu amigo Javi (Anthony Ramos) para testar um novo sistema experimental de rastreamento meteorológico.
Nessa tarefa, ela cruza seu caminho com Tyler Owens (Glen Powell), um ícone das redes sociais que compartilha suas aventuras de caça a tempestades. Conforme a temporada de tempestades se intensifica e acontecimentos aterrorizantes tomam conta, Kate e Tyler, inicialmente concorrentes, se encontram em meio a uma situação nunca vista antes, colocando suas vidas em risco.
O poder dos 28 anos

Reprodução/Warner Bros. Pictures
Após 28 anos do lançamento do primeiro filme, muitas coisas mudaram ou não. Um dos pontos mais interessantes desta nova obra é a evolução tecnológica e dos equipamentos de produção, tanto para os efeitos visuais quanto sonoros, tornando cada minuto mais realista para o público ao longo da trama. Além disso, as paisagens e a fotografia do filme trazem uma ambientação muito semelhante, e ainda mais grandiosa, ao primeiro "Twisters".
Dessa forma, beber dos acertos do primeiro filme e usar referências faz com que este fenômeno seja ainda mais cativante e curioso de acompanhar. Em termos de referências, é interessante ver os sensores sendo mostrados durante o filme, assim como os baldes e a ideia da competição e rivalidade entre os caçadores de tempestades, algo focado em ambos os filmes.

Reprodução/Warner Bros. Pictures
Outro fator notável é a semelhança entre Jo Harding, interpretada por Helen Hunt em 1996, e Kate Cooper, interpretada por Daisy Edgar-Jones em 2024. Enquanto Jo é obcecada por caçar tornados devido ao trauma de ver seu pai ser sugado por uma tempestade em 1969, Kate também viveu traumas relacionados a tempestades. Ambas são gênias da meteorologia. Nesta sequência, é interessante ver como a personagem de Kate é tratada sem mudar o contexto. Apesar de seus estudos, é divertido ver como ela domina e lê os tornados como se fosse um dom inato.
Os caçadores de Carisma
Em filmes de catástrofes naturais como "O Dia Depois de Amanhã" (2004), "2012" (2009), "O Impossível" (2012), entre outros, um dos pontos mais destacados é a falta de conexão com os personagens, já que tudo pode acontecer. Porém, em "Twisters", é bem difícil não se sentir conectado ou torcer por eles. A química entre os personagens e seu desenvolvimento, como seres humanos que erram e melhoram a partir desses erros, é bem trabalhada na trama com os três principais: Kate, Javi e Tyler.

Reprodução/Warner Bros. Pictures
Em termos de carisma, quem rouba completamente a cena é Tyler Owens, interpretado por Glen Powell. Ele usa o artifício de ser super famoso no YouTube por compartilhar suas aventuras de caça a tempestades. A química desenvolvida ao longo da história com Kate avança de forma rápida devido ao interesse mútuo pelos tornados.
Outro que esbanja carisma é Brandon Perea, que interpreta Broone, o melhor amigo de Tyler, e Harry Hadden-Paton, que faz o repórter Ben, trazendo um pouco de humor à trama de ação.
Veredito ou Aula de Meteorologia?
“Twisters” é uma ótima escolha para quem curte filmes que retratam catástrofes naturais. No entanto, fique claro que a ideia é tentar mostrar um pouco mais do lado científico, o que exige mais “diálogos complexos”, como já apresentado no primeiro filme. Isso não tira o brilho nem a ação que o longa consegue exercer muito bem, nos levando diretamente para o tornado e todas as suas nuances.

Reprodução/Warner Bros. Pictures
Entender que as Escalas Fujita são retratadas como F0 para um tornado tranquilo e F5 para um violento é apenas um charme para decodificar a importância desses estudos. Outra curiosidade é a escolha da ambientação ser novamente em Oklahoma, já que, após o primeiro filme, foi comprovado que existe um F6. Após o tornado de 1999, foi registrada uma velocidade máxima próxima a 533 km/h, algo que ocorreria apenas em simulações.
Por fim, o filme traz um pouco de tudo o que já conhecemos em outras obras do gênero, com seus acertos e erros, fazendo dele um ótimo filme para assistir nos cinemas ou rever em casa. Além disso, destaca-se pela excelente direção e pelas escolhas dos atores, que agregaram muito à trama. Nota: 4/5 🌪️
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