top of page
moqueka

The Last of Us e a representação LGBTQIA+


The Last of Us e a representação LGBTQIA+

Falar sobre The Last of Us (TLOU), pessoalmente, Ć© voltar no tempo para 2016, quando eu passava minhas manhĆ£s jogando a campanha do primeiro jogo. Na Ć©poca de lanƧamento, em 2013, o jogo foi bastante aclamado pela crĆ­tica, era de se esperar com uma trama que contava comĀ  personagens profundos – especialmente o protagonista Joel Miller – narrativas emocionantes e jogabilidades desafiadoras, assim, se tornando um dos jogos mais premiados da história.Ā 


Tanto o jogo quanto a série da HBO (que inclusive, vem adaptando muito bem para um live action) possuem personagens LGBTQIA+ que não são tratados como seres de outro planeta como em algumas obras, eles são tratados como pessoas "comuns", que cometem erros, possuem metas de vida e personalidades únicas.


Em meio ao estereótipo ā€œhĆ©teroā€ imposto no mundo dos games, especialmente no estilo de jogo de TLOU, apresentar personagens LGBT's sempre foi arriscado, sendo de suma importĆ¢ncia que a comunidade conquiste espaƧo e quebre esse estigma criado pelo heteronormativo. The Last of Us foi um marco nessa representação, indo de personagens coadjuvantes Ć  protagonista Ellie Williams.Ā 


Ā Fanmade de Ellie e Joel com uma camisa escrito "eu amo minha filha lĆ©sbicaā€, em inglĆŖs
Ā Fanmade de Ellie e Joel com uma camisa escrito "eu amo minha filha lĆ©sbicaā€, em inglĆŖs

Seguirei uma linha cronológica, entĆ£o, em seu primeiro jogo, a trama jĆ” conta com personagens da comunidade LGBTQIA+, nesse caso, falarei primeiro de Bill – conhecido de Joel – que, 10 anos depois, teve sua história romĆ¢ntica adaptada e detalhada na sĆ©rie da HBO num dos episódios da primeira temporada.



Bill e Frank, a construção amorosa durante a história de TLOU


Frank (Ć  esquerda) e Bill (Ć  direita)
Frank (Ć  esquerda) e Bill (Ć  direita)

O relacionamento de Bill e Frank foi melhor aprofundado no terceiro episódio da adaptação live action, tendo em vista que no jogo apenas foi subentendido por comentÔrios de Bill. Dito isso, o episódio surpreendeu os fãs antigos e novos, mostrando como foi a construção afetiva do casal em meio ao cenÔrio pós apocalíptico, desde o primeiro contato ao último, sendo retratado de uma forma linda, natural, singela e com altos e baixos, diferentemente de outras obras - que retratam casais LGBT+ de maneira isolada ao mundo real. 


Honestamente, a parte deste episódio que não gostei foi que acabou, era tudo que precisava em meio ao caos da série, um momento de demonstração de afeto em meio à sobrevivência ao terror do cordyceps.



O impacto de Ellie Williams na comunidade heteronormativa


Ellie Williams na série da HBO e no segundo jogo da Naughty Dogs
Ellie Williams na série da HBO e no segundo jogo da Naughty Dogs

A Ellie, sem dĆŗvidas, Ć© uma das minhas personagens favoritas. Ela possui uma personalidade forte (muito forte) e conquistou o coração dos fĆ£s durante o desenvolvimento de seu relacionamento pai-filha – nĆ£o biológico – com Joel. Ver a personagem crescer de adolescente a jovem adulta na campanha (e agora na sĆ©rie) Ć© muito gratificante, vendo seus erros e acertos, seu jeito de superar o caos da conjuntura em que nasceu.Ā 


PorĆ©m, me lembro bem em 2020, ano em que foi lanƧada a parte dois do jogo e do "boom" de crĆ­ticas negativas (muitas em forma de hate homofóbico e machista) pela apresentação da personagem Ellie como canonicamente lĆ©sbica, jĆ” que agora, a protagonista possui um relacionamento explĆ­cito com Dina – uma mulher bissexual.Ā 


Ellie e Dina durante uma cena romântica do jogo
Ellie e Dina durante uma cena romântica do jogo

Vale ressaltar que, na expansĆ£o Left Behind, Ellie, 3 semanas antes do encontro com Joel, beija sua melhor amiga, representando um amor ingĆŖnuo e juvenil entre elas, que foi tambem alvo de criticas como ā€œsĆ£o apenas criancasā€, mas me pergunto, se fosse um casal cis-hĆ©tero, haveria todo esse ā€œmousseā€?


Ɖ muito triste pensar que, parte da comunidade gamer na Ć©poca ignorou toda a construção narrativa da personagem e toda a evolução grĆ”fica que o jogo sofreu para simplesmente banalizar TLOU 2 pela orientação sexual de Ellie (AliĆ”s, "das personagens", se contarmos com Dina e outros, mas o hate foi mais pela protagonista ter quebrado o estereótipo hĆ©tero da base Incel).


Lev, a coragem em meio a opressão religiosa 


Lev mirando com seu arco e flecha
Lev mirando com seu arco e flecha

Lev, um garoto trans, nos Ć© apresentado durante o ponto de vista de Abby, no segundo jogo da franquia. Lev Ć© um ex-membro do culto Cicatriz, que fugiu da realidade opressora do grupo conservador e religioso após ter sido forƧado a ser ā€œesposaā€ de um AnciĆ£o. Como forma de resistĆŖncia e coragem, Lev raspou sua cabeƧa (como forma de reafirmação masculina), levando infelizmente ao seu exĆ­lio pelos Cicatrizes, junto Ć  sua irmĆ£, que sempre o apoiou.


O garoto então continua durante a campanha ao lado de Abby, construindo uma relação semelhante a de Ellie e Joel, sendo muito importante durante as batalhas contra infectados e membros do grupo religioso e opressor.


Concluindo…


Agora, em 2025, com o maior alcance de telespectadores, espera-se que membros da comunidade se sintam representados pelas personagens, que, assim como qualquer pessoa, possuem uma vida própria, repleta de sentimentos e individualidades. 


Personagens como Ellie, Dina, Lev, Bill e Frank são importantes em obras futuras, em especial no universo dos jogos, e, para muitos que não jogaram, a série vem sendo o primeiro contato com tais personagens, tornando essa adaptação ainda mais representativa e necessÔria, sobretudo para pessoas assim como eu, pertencentes à comunidade LGBTQIA+.


bottom of page