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CRÍTICA | Maestro é um novo passo para Bradley Cooper

Atualizado: 8 de jun. de 2024


Quando em 2019 Bradley Cooper estreou na direção de um longa-metragem, emplacou algumas indicações aos Oscar (oito ao total), inclusive à categoria “Melhor filme”, com o seu remake de “Nasce uma estrela”. Tocante e com atuações dignas de elogios tanto dele, que também co-protagonizou o filme, quanto a da sua parceira, Lady Gaga, Hollywood abriu seus olhos em contemplação à essa nova fase da carreira do ator.


No entanto, embora ser indicado ao maior prêmio do cinema mundial já seja uma vitória, a estrela que nascia àquela altura não brilharia o suficiente para levar estatuetas para casa. E mais: além da direção madura daquele diretor estreante não ter sido indicada para Melhor Direção, Cooper se viu derrotado (injustamente) na categoria de Melhor Ator pelo trabalho de Rami Malek, no questionável “Bohemian Rhapsody” — os mais ácidos podem dizer até que ele perdeu um Oscar para uma dentadura, a prótese usada por Malek para simular os dentes de Freddie Mercury.


Foto 1 - Maestro
Foto: Reprodução/ Maestro

Pois bem, ao assistir “Maestro” (Bradley Cooper, 2023), só consigo chegar à uma conclusão: as derrotas no Oscar de 2019 “alugaram um triplex” na mente do talentoso novato diretor. Desde aquele ano, segundo circula na imprensa, o ator teria entrado de cabeça nessa “Missão Oscar” e escolheu a história do maestro Leonard Bernstein para ser o meio de conquistá-lo.


E não me levem a mal, não duvido que Cooper estivesse cheio de boas intenções nessa interpretação, mas a grande questão aqui é que ele parecia estar transbordando de boas intenções. Em “Maestro”, a sua atuação peca pelo excesso. Cooper, aqui, no filme com o maior número de “Oscar Bites” da história recente, é exagerado em alguns momentos que mais parece uma imitação do que de fato uma interpretação.


Cooper quis mostrar que os trejeitos do personagem — e ele realmente estudou todos os maneirismos do Bernstein a fundo durante anos — estavam completamente dominados. Cada movimentação feita, cada “caras e bocas”, parecia sempre ir além do que precisava de fato. Mas não se engane com as críticas que o massacram e também à Academia por sua indicação ao Oscar desse ano. Nas cenas de maior calmaria, ele entrega exatamente o que é preciso para transmitir o que sente o Bernstein naquele momento.


Foto 2 - Maestro
Foto: Reprodução/ Netflix

No que se refere à direção, o realizador se mostra um profundo conhecedor do cinema. Desde o uso do preto e branco para as cenas no passado, ou até mesmo ao enquadramento 4x3, para emular os filmes feitos na década em que se passa a história. Os movimentos de câmera, a fluidez com que ela desfila em suas mãos, mostram que ele sabia exatamente o que estava fazendo e onde queria chegar. De fato é um diretor promissor e me mantenho atento aos seus próximos trabalhos, na torcida para que ele esteja ainda mais maduro e saiba dosar melhor sua intensidade.


Para finalizar, acho injusto com Carey Mulligan como todas as atenções estão sendo voltadas para Bradley Cooper quando “Maestro” se torna assunto nas rodas de conversa sobre cinema. Mulligan aqui interpreta Felicia Montealegre e, mesmo nas cenas onde divide tela com Cooper, se destaca — e mais uma vez, não porque necessariamente o protagonista não está bem em cena.


Foto 3 - Maestro
Foto: Reprodução/ Netflix

A atriz é a melhor coisa do filme. Mesmo em momento que não tem nada a dizer — essa talvez a cena que tenha garantido sua indicação à Melhor Atriz, muito bem filmada por Cooper, aliás —, próximo ao fim do longa, ela passa exatamente o que a personagem está sentindo naquele momento sem exageros e verborragia, e é difícil não segurar a emoção. Se você assistir, vai saber exatamente qual cena é quando acontecer.


“Maestro” utiliza de artimanhas batidas para conseguir ser lembrado na temporada de premiações, mas nem por isso deixa de ser um filme interessante e bem realizado. É mais um passo na carreira do promissor diretor Bradley Cooper em direção ao reconhecimento dos seus pares. Aqui, pelo excesso, ele fracassou. Mas é melhor errar desse jeito do que pela falta de capacidade. E que bom. Não há professor melhor do que o fracasso.


Nota: 3,5/5



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