CRÍTICA | Bridget Jones: Louca pelo Garoto é simples, aconchegante e na medida certa
- João Moura
- 13 de fev.
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de fev.
ESSA CRÍTICA CONTÉM SPOILERS!!!

Em mais uma produção da série de filmes que começou em 2001, "Bridget Jones: Louca pelo Garoto" (direção de Michael Morris) traz o modelo clichê visto nas três obras antecessoras. Apesar de seguir a mesma fórmula, o longa consegue se adaptar à atualidade e provocar uma reflexão profunda e emocionante sobre perda, luto, maternidade e novos ciclos. É uma história madura, cativante e sem exageros além da conta.
O sotaque britânico acentuado, o chá das cinco e a constante repetição do sobrenome "Darcy" imediatamente me remeteram à obra de Jane Austen. O que é esperado, já que a escolha de Colin Firth para interpretar Mark Darcy faz uma referência bem humorada ao seu papel na minissérie "Orgulho e Preconceito" (1995) – a própria protagonista brinca sobre se sentir dentro de um dos livros da escritora. O ambiente londrino em destaque e as cores e roupas chamativas, é claro, são características essenciais em Bridget Jones.

Logo somos introduzidos à rotina caótica da produtora de televisão desempregada, viúva e com dois filhos ainda crianças. Bridget (Renée Zellweger), agora uma mãe solteira, está em uma nova fase da vida. O diário de aventuras românticas perdeu espaço com a chegada da casa dos 50, do desafio de não ter mais tempo para si mesma e de ter que lidar com uma ausência que impactou a dinâmica de toda a sua família.
Jones é constantemente bombardeada por conselhos de pessoas próximas sobre o que deve ou não fazer. Sexo, trabalho, vinhos, nenhuma dessas soluções parece servir, a princípio. Em meio a um turbilhão de emoções, uma figura antiga ressurge como um porto seguro.

Retirado em "O Bebê de Bridget Jones" (2016), Hugh Grant dá um show de presença e mostra que ainda consegue incorporar todo o seu ar galanteador para dar vida à Daniel Cleaver. O cafajeste, antes antagonista e um dos interesses amorosos da britânica, agora se apresenta como um amigo confidente, amadurecido e companheiro para qualquer hora. A participação de Daniel é pequena, mas suficiente para concluir seu arco na franquia de forma leve.
Como uma boa comédia romântica acostumada às aceleradas mudanças de comportamento dos anos 2000, a narrativa acompanha os avanços tecnológicos da década e consegue englobar formas de relacionamento atuais. Para encontrar um novo amor, Bridget é convencida a enfrentar o Tinder e as mensagens de texto. O que era um bicho de sete cabeças no início, se torna muito mais natural depois da aparição heroica e apaixonante de Roxster (Leo Woodall).
Mesmo com uma grande diferença de idade, o casal se dá muito bem. Bridget volta a trabalhar e no segundo ato vemos o romance ser desenvolvido. Como em um conto de fadas, tudo parece perfeito. Aqui o roteiro nem se esforça para esconder seu formato clichê, mas isso também revela sua maior qualidade: a sutileza. Enquanto a postura imatura do jovem fica cada vez mais evidente, Sr. Wallaker (Chiwetel Ejiofor), o professor metódico do ensino fundamental, ganha relevância na vida de Jones.
São personalidades nem um pouco semelhantes, mas ele tem tudo que a protagonista busca em um parceiro. Mais do que um homem respeitoso, Wallaker desempenha um papel fundamental como tutor e ajuda Billy (Casper Knopf), o filho mais velho de Bridget, a ressignificar a morte de seu pai. A relação construída entre os dois era a última resposta que Jones precisava para se decidir. A coruja branca faz uma alusão à presença simbólica de Mark e alça voo no momento em que percebe que a família está amparada.

No fim, acabamos no mesmo lugar: o pretendente íntegro e responsável é escolhido em detrimento da paixão instável e tentadora. Ainda que repetitivo, o filme cumpre exatamente aquilo que propõe. Como na trilha final de Olivia Dean: "não é perfeito, mas pode ser" (it isn't perfect but it might be).
Nota: 4/5
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