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CRÍTICA | Flow a obra que comunica sem falar

Atualizado: 20 de fev.

animais em flow

Risadas, choros, barulhos e as loucuras da humanidade não existem mais! A natureza e os animais são os principais vestígios de um novo mundo — ou, na verdade, do fim dele. Em Flow, conhecemos um gato solitário que vê o mundo chegar ao fim. Durante um dia aparentemente normal, ele é perseguido por uma manada de cães e vê seu lar ser devastado por uma grande enchente. Buscando uma forma de sobreviver após a inundação, enfrenta diversas ameaças e embarca em uma grande aventura.


A animação lituana, dirigida e roteirizada por Gints (Away, 2019) e (Inaudible, 2015), com apoio de Matīss Kaža e Ron Dyens no roteiro, nos transporta para um mundo pós-apocalíptico repleto de paisagens misteriosas. Flow acompanha uma jornada entre as ruínas de um mundo inundado e destruído, onde os sobreviventes lutam para permanecer à deriva, encontrando esperança e apoio uns nos outros.


A construção de uma jornada 


gatos solitarios
Reprodução/Mares/Alpha Filmes

O que esperar de uma provável amizade? Bom, não é de hoje que o mundo vem sendo cada vez mais destruído por diversos fatores, como usinas, poluição, doenças e vírus, que ao mesmo tempo separam e unem os seres humanos. Em Flow, essa realidade é fabularizada por meio dos animais, mostrando como um acontecimento trágico pode fomentar uma amizade ou fortalecer os laços entre diferentes espécies.


A sacada do filme em retratar um mundo distópico, cada vez mais inundado, nos leva a refletir sobre a vida e, claro, sobre nossa casa: o planeta Terra. Além de despertar essa reflexão, a obra nos faz pensar sobre aqueles que estiveram ali antes de tudo se tornar apenas um “vazio”. Já levando isso para os personagens da trama, é triste acompanhar a luta diária dos personagens para encontrar comida, mas, graças à companhia de alguns animais, a solidão desse mundo desolado pode, por um instante, ser esquecida.


Contudo, com o aumento do nível da água, desafios, medos e rivalidades vêm à tona. Sem dúvidas, o roteiro consegue transmitir esses sentimentos ao público de maneira bela e muito madura. — Aqui eu já não estava bem vendo o filme. Gints Zilbalodis, em poucos minutos, faz o emocional entrar em curto-circuito.


o gatinho de flow
Reprodução/Mares/Alpha Filmes

O longa mergulha em trazer perguntas que nunca serão respondidas durante o filme, já que os animais não são humanizados com em outros filmes de animação como os da Disney, dreamworks, ou Illumination. Isso é um dos pontos positivos que a obra faz além é claro trazer tudo isso através de um gato mostrando sua visão do mundo tendo que lidar com essa não mais independência de viver sozinho, afinal a água ainda está aumentando.

O seu design e seus traços de animação sem dúvidas impressionam e fortalecem a leveza para acompanhar o filme, sendo bem semelhante a jogos e já característico do trabalho do diretor. O filme consegue trazer vida em grandes detalhes durante a jornada do gato e das vivências do seu dia, como os reflexos na água, a aquarela de cores no mar, os detalhes das madeiras, assim como nos movimentos da água, das plantas e a imensidão do céu. Tudo na obra é bem cuidadoso e expressivo em suas minuciosidades.


O Barco e a mensagem 


O filme, sem dúvidas, brinca com a narrativa e as sete vidas do gatinho, sem perder o seu foco na seriedade do tema. Outro ponto muito bem trabalhado é como os animais começam a se ver dentro desse cenário e como suas personalidades se chocam no decorrer dessa viagem. Para mim, uma das partes mais importantes do filme é a sua mensagem e como o barco fortifica o laço e a sobrevivência dos animais.


flow e seus animais
Reprodução/Mares/Alpha Filmes

Imagina juntar um gato, um cachorro, um lêmure, uma capivara e uma garça em solo, creio eu que essa relação seria bem estranha, porém, nessa situação, torcer para tudo dar certo foi a melhor alternativa encontrada por mim e creio que por todos os outros telespectadores. 


Dessa forma, a evolução do filme e dos seres vivos dentro da trama fica cada vez mais nítida, mesmo com suas diferenças cada uma tenta se acostumar e proteger uns aos outros ou pelo menos tentam, seja durante a chuva, ou seja, no compartilhamento das comidas fica claro com o roteiro consegue trabalhar esses pontos sem precisar forçar em nada na trama.


Veredito

Flow o gatinho oscar
Reprodução/Mares/Alpha Filmes

Flow é lindo, emocionante e sutil. A obra transmite sua mensagem sem precisar de diálogos, além de ser cuidadoso no roteiro e na escolha dos animais, especialmente a de um gato, que, por sua natureza, se destaca como um dos mais independentes da trama. 


Outro ponto que fortalece toda a narrativa é como os traços da animação dão vida e profundidade para o filme fluir com tanta seriedade e fofura. Do início ao fim, o longa cumpre sua proposta e se consolida como um dos favoritos ao prêmio de melhor animação.


Nota: 4/5 🐈🐕🐳🌊







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