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Crítica I Os Estranhos tem a base não desenvolvida de todo filme de terror


Os Estranhos

Todo gênero de cinema tem seus clássicos. Filmes que funcionaram bem com o público, com a crítica e com a tela. No mundo do terror, um deles é “Os Estranhos”, lançado em 2008. O longa, protagonizado por Liv Tyler e Scott Speedman, conta a história de um casal que viaja para uma casa de veraneio e tem seu descanso interrompido quando um trio mascarado invade a residência, tentando a todo custo matar a dupla. O filme não é uma obra-prima, e nem fica eternizado no gênero - mas cumpriu seu papel, foi bem e ficou marcado positivamente. 


Anos depois, em 2018, Johannes Roberts dirige “Caçada Noturna”, a continuação da saga, que acompanha os três psicopatas em uma visita a mais uma família. Com roteiro de Bryan Bertino, assim como o primeiro filme, a continuação foi um fracasso total, sendo muito mal recebido por quem assiste e quem critica a produção.


Os Estranhos
Reprodução/Os Estranhos

Seja para se redimir, seja para modernizar e continuar a história que no início parecia dar certo, “Os Estranhos” retorna em 2024 com o primeiro capítulo de uma nova trilogia baseada no filme original. A ideia era, ao mesmo tempo, fazer um tributo ao filme de 2008 e introduzir uma nova saga nos corações dos fãs de terror de hoje em dia. Sinceramente? Era melhor não ter feito nada.

O (talvez) enredo

A história contada aqui é a do casal formado por Maya (Madelaine Petsch) e Ryan (Froy Gutierrez) que, em uma viagem, faz uma parada para comer em um restaurante na pequena cidade de Venus, com cerca de 400 habitantes. Ao tentar retomar seu trajeto, a dupla descobre que seu carro quebrou e precisa passar a noite em uma casa alugada no Airbnb na vizinhança. A casa é a típica cabana rústica, que a primeira olhada parece acolher bem o casal, apesar do clima nada convidativo que a cidadezinha e seus moradores apresentam.


Depois de algum tempo, Ryan sai para buscar comida, e é aqui que a trama começa a se desenrolar de fato - o conhecido trio mascarado invade silenciosamente a casa e começa a perseguir a mulher. Com a volta do namorado para a casa, os dois formam uma dupla que luta pela própria sobrevivência, enquanto os três desconhecidos atacam ininterruptamente com machados e facas.


Os Estranhos
Reprodução/Os Estranhos

A linha da história não é novidade para ninguém. O puro suco do filme de terror genérico, a trama não surpreende em absolutamente nada, se baseando apenas em efeitos sonoros de suspense e sustos repentinos na tela. O roteiro, escrito por Alan Cohen e Alan Freedland, parece ser na realidade inexistente, apresentando um longa que anda em círculos ao longo de arrastados 94 minutos nos quais nada de novo ou interessante acontece, fazendo com que quem assiste chegue a torcer até mesmo pela morte de um dos protagonistas, só para que algo mude na trama. É apenas a clássica perseguição, sem nem ao menos receber uma justificativa para a obsessão dos mascarados com o casal. Isso é questionado até mesmo pela própria Maya que recebe, em cena, uma razão tão rasa quanto a dada pelo filme ao público.


Chega a ser difícil entender como Renny Harlin, diretor do sucesso que foi Duro de Matar 2, dirigiu um filme com tão poucos elementos de destaque. Ancorado em máscaras de circo, músicas lentas tocadas em vitrola, madeiras que rangem com a pisada e florestas escuras, o longa é uma grande mistura de genéricos. É um filme pertinente a se mostrar para alguém que nunca viu um filme de terror na vida, e quer entender superficialmente o que a maioria deles costuma trazer. A diferença é que, no geral, a base apresentada em “Os Estranhos” se une a linhas de raciocínio e histórias sendo contadas - o que não acontece aqui.

Maya e Ryan

Se há algo de bom para destacar no filme, seria a atuação de Petsch. Com protagonistas conhecidos por atuarem em séries juvenis, sendo Madelaine, protagonista de Riverdale, e Froy, de Teen Wolf, o desafio aqui era ainda maior, por se tratar de um filme adulto, o que não é a prática de nenhum dos dois. Tendo isso em mente, é justo dizer que a atuação dela não deixa a desejar. Com expressões boas, sofrimentos convincentes e sentimentos à flor da pele, a atriz conseguiu imprimir algo de relevante na personagem que interpretou.


Os Estranhos
Reprodução/Os Estranhos

Junto a Gutierrez, ela consegue fazer um balanço satisfatório entre o desespero de uma vítima de filme de terror e uma parte de um par romântico, destacando o carinho e a proteção que o amor dos dois mantém em meio ao caos da situação. Com um apoio e um cuidado mútuo, os dois formam um par que funciona bem romanticamente.


Apesar da premissa em dar protagonismo igualitário para Maya e Ryan, o desenrolar do filme passa a sensação de que estamos acompanhando a história de coragem da mulher, que consegue tomar algumas decisões inteligentes - dentro, é lógico, das clássicas movimentações burras de todo personagem de filme de terror - e cresce em atitudes ao longo da trama. Mas, ainda assim, o roteiro peca ao não explorar nem mesmo a trajetória da personagem, mantendo tudo no raso e desafiando o espectador a encontrar algo além do friamente exposto em tela. 


Essa esperança de profundidade surge principalmente no momento em que Ryan toma sua primeira grande atitude durante a luta, e comete um assassinato. Com a carga emocional e o plot twist que a cena entrega, o momento tinha tudo para ser desenvolvido e trazer, quem sabe, um real enredo a ser acompanhado. Apesar do potencial, isso não acontece, e o filme segue sua rota normal de previsibilidade, terror comum e suspense genérico.

O veredito

Raso, genérico, cansativo e previsível, “Os Estranhos” falha tanto em homenagear uma obra já existente, quanto em criar uma nova saga. Saga essa que, por sorte, já tem a trilogia inteira gravada, porque se os filmes seguintes dependessem da qualidade do primeiro, a história terminaria por aqui, em um gancho de pós créditos que chega a ser cômico de tão mal explicado. 


Nota: 1,5/5




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