CRÍTICA | F1 e a fórmula de Kosinski
- Victor Lee

- 26 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 3 de jul.

Sem dúvidas, um dos esportes mais populares do mundo e que ganhou ainda mais prestígio na última década, a Fórmula 1 é palco de um dos maiores acontecimentos deste ano nos cinemas. O filme, dirigido por Joseph Kosinski — o mesmo responsável pelo sucesso Top Gun: Maverick — faz o que sabe fazer de melhor: contar uma história envolvente e agregar ainda mais impacto ao mostrar os carros com cerca de 1.000 cavalos de potência.
Vale ressaltar que o filme é produzido pelo heptacampeão mundial Lewis Hamilton. No longa, o lendário piloto Sonny Hayes (vivido por Brad Pitt) retorna às pistas após anos de aposentadoria. Convencido a fazer seu retorno para ser mentor do talentoso novato Joshua Pearce (interpretado por Damson Idris), Sonny se junta à fictícia equipe ApexGP. Com sua vasta experiência e espírito competitivo intacto, ele aceita o desafio de conduzir a escuderia rumo à vitória, enfrentando os riscos e pressões do mundo da Fórmula 1.
Determinados a transformar a ApexGP em uma equipe de ponta, Sonny e Joshua precisam conquistar a confiança da comissão técnica e o apoio de figuras influentes do esporte. O filme mostra que, na Fórmula 1, as disputas vão muito além das curvas dos autódromos — envolvem estratégia, política e paixão. Gravado durante o Grande Prêmio da Inglaterra, o longa traz uma imersão autêntica no universo das corridas, com participações especiais de pilotos reais da F1.
Box

Um dos pontos mais interessantes do filme, sem pensar duas vezes, são os carros. Mas, para que isso seja ainda melhor, é necessário ter pessoas para dirigi-los e lidar com toda a pressão na hora do pit stop. O elenco, liderado por Brad Pitt, ainda conta com Damson Idris, Kerry Condon, Javier Bardem, Callie Cooke, Abdul Salis e outros, que ajudam a fortalecer completamente a narrativa e conseguem transmitir, de forma clara, divertida e tensa, como funciona uma equipe à beira do abismo em busca da ascensão. Ao falar sobre Sonny Hayes, é evidente o quanto ele serve como o elo de conexão entre todos os personagens. Ele é rabugento, galanteador, amigo e, claro, um dos melhores no que faz: correr. Para mim, uma das inspirações para o filme, além do próprio ator trazer sua essência, é Tom Cruise em "Missão: Impossível" e "Top Gun". Esse lado rebelde contribuiu significativamente para a dinâmica entre ele e Joshua Pearce, mostrando uma rivalidade que se transforma em amizade ao longo da trama. É até engraçado ficar em um meio-termo sobre quem está certo ou não durante as discussões, mas nada que não seja resolvido com a ajuda dos outros elos.

Outro aspecto bem desenvolvido no filme, mesmo que em determinados momentos de forma mais frenética, já que o foco é a ação dos carros durante as corridas, é o crescimento dos protagonistas. Brad é o principal e tem um desenvolvimento muito mais elaborado, que abrange suas falhas, acertos, passado, futuro e sua determinação em sempre querer vencer. Por outro lado, Pearce é um jovem que sempre se preocupou com sua imagem e com a opinião dos que o cercam. Ver sua evolução dentro e fora das pistas foi fundamental para evitar que o enredo se tornasse maçante. Além disso, a atuação de Damson Idris é bastante excêntrica e pode ser comparada à de Yusuke e Kazuma em "Yu Yu Hakusho".
A transformação dos dois personagens ocorre gradativamente, assim como a da equipe como um todo. Os mecânicos, desenvolvedores e a equipe de montagem se tornam, de fato, um só grupo, unidos por um objetivo: vencer.
Overcut
O filme constantemente nos transporta para as pistas, algo que se tornou uma marca registrada de Joseph Kosinski. As curvas, as colisões e as perspectivas do piloto são acompanhadas por uma edição dinâmica que lembra um jogo. A proposta do filme se fortalece e evolui a cada segundo; sem dúvida, a adrenalina predomina. Sem querer desmerecer, "Gran Turismo" traz essa experiência, mas em "F1" tudo parece mais fluido, e é evidente como todos os elementos se conectam até o final.

Além disso, todas as cenas de corrida parecem representar o clímax do filme, o que é um acerto da produção, que conseguiu expandir a visão e resumir toda a temporada de maneira madura e inteligente. É importante destacar que o cineasta não hesita em celebrar a nostalgia do cinema americano que influenciou as gerações dos anos 80 e 90, ao mesmo tempo em que abre espaço para novatos, minorias e narrativas que não se concentram apenas no protagonista. Ele vai além, utilizando músicas, enquadramentos e uma fotografia que oscila entre o passado e o presente.
Push: O Veredito

Por fim, “F1” é uma homenagem a todos os fãs e até mesmo àqueles que não são adeptos do esporte. É um espetáculo de movimentos, direção, atuação e fotografia, ou seja, é um verdadeiro destaque entre os filmes de carros e esportivos dos últimos anos. A essência do roteiro e suas inspirações contribuíram significativamente para a captura de toda a narrativa, proporcionando a sensação de estar dentro das pistas ou de ser um dos mecânicos.
Brad Pitt é um verdadeiro showman e não precisa de muito para brilhar; o filme inteiro faz isso por ele, como se ele fosse a cereja do bolo. Mesmo com toda a velocidade e a simplicidade em buscar o básico bem executado, “F1” vale cada centavo investido em um ingresso.
Nota: 4,5/5








Comentários