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CRÍTICA | Extermínio: A Evolução mergulha no amadurecimento do caos

Em Extermínio: A Evolução (28 Years Later), três décadas se passaram desde que o vírus da raiva foi acidentalmente liberado de um laboratório, dizimando grande parte da humanidade e transformando os infectados em criaturas violentas e irracionais. A civilização, tal como conhecíamos, entrou em colapso, e os poucos sobreviventes aprenderam a viver em constante alerta. A narrativa se concentra em um grupo que, isolado em uma ilha, conseguiu construir uma nova sociedade protegida por muralhas e conectada ao continente por uma estrada fortemente vigiada.

No entanto, quando alguns membros dessa comunidade precisam sair para uma missão fora da zona segura, são confrontados com horrores ainda mais perturbadores do que os zumbis que já conheciam. Lá fora, descobrem que o vírus evoluiu — e que as mutações atingiram não apenas os infectados, mas também os humanos que permaneceram nas áreas de risco. O que era apenas uma luta por sobrevivência se transforma em um confronto com o próprio conceito de humanidade e adaptação em um mundo devastado.

Com a volta de Danny Boyle, na direção Saga 28 Years Later, ganhou um direcionamento e um brilho novo para os filmes e conteúdos voltados para Zumbi. Além da boa visão do diretor, o roteiro de Alex Garland trouxe um novo olhar para a trama e para os personagens que surgem durante esse processo. Um dos pontos mais fortes do filme é a interpretação do roteiro como uma narrativa de crescimento pessoal, sem perder o principal foco na infecção zumbi. Outro contraponto é a referência à Guerra e ao Mundo, abordando como jovens de diferentes gerações são levados à guerra antes mesmo de se conhecerem verdadeiramente. O cineasta destaca essa questão como um aspecto significativo da história militar e cinematográfica do Reino Unido, incorporando cenas de filmes e eventos reais ao longo de sua obra, como se fossem ecos de gritos que ressoam até o fim dos tempos.

Sony Pictures Entertainment/Divulgação
Sony Pictures Entertainment/Divulgação

Já a fotografia, mesmo gravada por um iPhone, chama a atenção pelo cuidado e criatividade presentes na obra. Em "Extermínio 3", a técnica foi utilizada para construir a estética visual do filme. O longa, sem dúvida, escolheu cuidadosamente os ângulos, as composições e a iluminação, elementos que, juntos, moldam a percepção do espectador. Essa proposta pode ser vista na forma como as cenas são capturadas, enfatizando a tensão e a ação por meio de enquadramentos dinâmicos e de uma paleta de cores que complementa a narrativa.

No elenco de peso, Aaron Taylor-Johnson, Jodie Comer e Ralph Fiennes trazem a maturidade e a idealização de cada personagem que interpretam. Principalmente para Rapha, que está irreconhecível nas primeiras cenas, a versatilidade do ator, assim como a dos outros, torna fácil entender como cada elemento foi surgindo e como o vírus vem se evoluindo. Afinal, a evolução de um vírus no corpo ocorre quando ele infecta uma célula hospedeira, ou seja, quando utiliza seu maquinário para replicar seu material genético e produzir novas partículas virais.

Sony Pictures Entertainment/Divulgação
Sony Pictures Entertainment/Divulgação

Durante esse processo, mutações podem surgir, permitindo que o vírus se adapte e evolua rapidamente, influenciando sua virulência e capacidade de escapar do sistema imunológico. Uma das cenas, em particular, tenta destacar como o filme, embora seja de zumbis, é realizado de forma inteligente e com uma energia leve, mesmo não sendo exatamente um filme leve. Por isso, todas as atuações foram de extrema importância, bem executadas e capazes de sustentar a trama, elevando-a a um patamar ainda melhor que o do primeiro filme.

Ainda sobre o elenco, quem mais se destaca, sem medo de errar, é o novato Alfie Williams, que interpreta Skipe, um garoto frágil e tímido, que faz de tudo para ver sua mãe bem (Jodie Comer). O longa, de forma geral, consegue mostrar todos os processos de evolução, e o arco de Skipe não é diferente. O jovem tem um dos principais arcos durante toda a trajetória do filme, sendo ainda melhor do que o de Cillian Murphy em 2002. A ideia de trazer um garoto na pré-adolescência, buscando seu próprio amadurecimento e tentando entender como se encaixar em um mundo tomado por zumbis, foi uma ótima sacada do roteiro.

Sony Pictures Entertainment/Divulgação
Sony Pictures Entertainment/Divulgação

Por outro lado, a dinâmica se perde um pouco com tantas informações que ficam subentendidas pelo telespectador ao tentarmos compreender o universo dos zumbis. No primeiro filme, vimos que os transformados apresentavam uma certa raiva, enquanto os de 2025 são claramente diferentes em termos de percepção, velocidade e até mesmo no modo de pensar. Em "Extermínio 3", uma subclasse é formada para entender os evoluídos. Assim como em “The Walking Dead”, podemos comparar um Alfa com os Sussurradores, mas sem que sejam humanos de fato. A rapidez, a força e o raciocínio ágil são as principais características de um líder entre os zumbis, que apenas desejam se alimentar.

Mesmo com tantas referências, Garland ainda consegue se sobressair em relação a outras obras ao trazer criatividade em toda a construção do zumbi, que chega a parecer uma ironia em relação a todas as camadas de realidade apresentadas no filme. Isso levanta um ponto de reflexão: um transformado ainda pode ser considerado humano? Por fim, "Extermínio: A Evolução" mergulha de forma madura no caos de um mundo de sobrevivência, marcado por um vírus letal. O filme consegue mostrar a evolução em sua fotografia, roteiro e elenco, além de abrir portas para outras histórias dentro da saga. A direção de Danny Boyle é expressiva, cuidadosa e emocionante, refletindo em todas as obras passadas e nas futuras gerações. "28 Years Later" não renova o gênero de zumbis, mas traz criatividade e identidade a ele, reforçando o quanto outras obras podem buscar o mesmo.

Nota: 4/5


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