Crítica | 'Duna: Parte 2' é maior que o deserto do Saara
- Victor Lee

- 29 de fev. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de jun. de 2024

A segunda adaptação da obra de Frank Herbert, dirigida por Denis Villeneuve, já está entre nós! Após uma traição amarga pela posse das especiarias de Arrakis, fazendo com que Paul Atreides (Timothée Chalamet) perdesse tudo que tinha e se lançasse em direção ao deserto acompanhado de sua mãe, Jessica Atreides, agora a experiência é centrada no encontro com os Fremen, nativos do planeta que vivem nos cantos mais longínquos do deserto.
A trama de 'Duna: Parte 2' é uma continuação direta dos acontecimentos do primeiro filme, revelando o que aconteceu com Paul Atreides após o assassinato de Duque Leto (Oscar Isaac). Já estabelecido entre os Fremen, o jovem vai à procura de compreender e aceitar seu papel como líder. Em meio a essa jornada, Paul também busca justiça contra a conspiração que matou seu pai, enquanto aprofunda a relação com Chani (Zendaya).

Na direção, Denis Villeneuve volta para comandar a sequência, colaborando com Jon Spaihts no roteiro. Villeneuve é um dos diretores de maior ascensão no gênero de ficção científica nos últimos tempos, com filmes como A Chegada (2016) e Blade Runner 2045 (2017), que o fizeram ser chamado para produzir Duna.
O messias da Warner
Em uma definição religiosa, messias é um salvador ou libertador de um grupo de pessoas. O conceito de Mashiach, messianismo e da Era Messiânica se originam no Judaísmo. Na Bíblia Hebraica, o Mashiach é o rei ou o Alto Sacerdote tradicionalmente ungido com óleo da santa unção. Assim, podemos ver Timothée Chalamet tanto em sua atuação para a Warner, quanto no papel de Paul Atreides, fazendo com que todas as críticas do primeiro filme desapareçam de forma elegante e primordial para esta segunda parte da obra.

Foto: Reprodução/ Warner Bros. Pictures
Paul Atreides, ou melhor, Paul Muad'Dib, é um protagonista ainda mais conectado com os dilemas atuais e os ensinamentos do passado, mostrando-se muito mais do que um personagem clichê de um livro. Sem dúvida, a atuação forte de Chalamet ressaltou o que era preciso entender sobre o "escolhido" para encontrar o caminho do paraíso para os Fremen, além de mostrar um lado mais dúbio e de extrema confiança em seus atos.
Simplesmente, Paul questiona: "Vocês me querem assim? Então é assim que vou ser, e ainda melhor do que imaginam". Ele é um grande líder que atinge com aptidão o êxito em todos os atos da trama.
Denis, o Pimentinha!
Duna 2 é grandioso e ambicioso no que propõe, mostrando um mundo cada vez mais visceral. O poder, a religião, o amor são elementos essenciais para mergulhar nas "águas de areia" dessa obra. Sem dúvida, grita como um aviso do que é fazer algo não apenas visualmente bonito, mas com um grande elenco e um bom roteiro adaptado. Villeneuve entrega um filme muito corajoso. De fato, é possível entender sua paixão ao mostrar algo tão ligado não apenas aos fãs do livro ou de ficção científica, mas a todos que irão desfrutar desse universo.

Foto: Reprodução/ Warner Bros. Pictures
Já no elenco, é lindo ver Chani ser interpretada pela Zendaya, mostrando porque ela é uma atriz completa, ainda mais por ter um tempo maior em tela. Chani é um grande alicerce para o Paul, mas sem deixar sua independência e sua personalidade forte de lado, roubando o filme para ela sempre que está em destaque. Outro que demonstra carisma e uma ótima atuação é Javier Bardem (Stilgar), tendo seus minutos de seriedade e sendo o alívio cômico para um enredo cheio de sisudez.
Completando o conjunto de atores, todos são fundamentais. Rebecca Ferguson é sensacional e Josh Brolin (Gurney Halleck) retorna de forma magistral, além de ver o quanto Paul conseguiu evoluir. Assim como Florence Pugh, que atua no papel da Princesa Irulan, literalmente lê textos para nos contextualizar dos acontecimentos de forma mais didática, quebrando um pouco do frenético do filme.

Foto: Reprodução/ Warner Bros. Pictures
Temos ainda o inquieto Feyd-Rautha (Austin Butler), ostentando um visual ousado e enriquecido para a trama, sempre guiando com uma ameaça muito maior do que o Barão (Stellan Skarsgard) e o Beast Rabban (Dave Bautista).
Muad'Dib e o Veredito do Deserto

Foto: Reprodução/ Warner Bros. Pictures
'Duna: Parte Dois' é absoluto cinema! A história é muito bem elaborada e conectada pelos mínimos detalhes, aproximando o público cada vez mais desse universo, sem contar com a sensação de sempre querer ver um pouco mais. O que não funcionou na primeira parte, Villeneuve consegue transformar em grandes acertos na sequência
Dessa forma, é incrível ver que tudo ao redor evoluiu positivamente. O visual e o som são ainda mais imersivos, as atuações são de excelência e a trama é bem equilibrada, com atos tendo um ótimo dinamismo para o filme, que sem dúvida pode ser um dos favoritos deste ano.
Nota: 5/5 ⌛








Comentários