CRÍTICA | Lilo & Stitch prova que o simples bem feito ainda encanta
- Victor Lee
- 22 de mai.
- 3 min de leitura

A ideia de trazer live-actions nos últimos anos assombra e causa dores de cabeça em quem acompanha as animações e produções originais. Os filmes, que acabam sendo feitos para um público específico, terminam caindo em um limbo de dúvidas e críticas, tanto positivas quanto negativas. Contudo, mesmo com as incertezas dessas produções, os fãs mantêm a esperança de poder rever a obra com uma nova roupagem ou apenas sentir a nostalgia de assistir, buscando uma conexão com o passado.
Assim, o novo, adaptação do clássico animado da Disney, entra em cena revivendo a história comovente e divertida da amizade entre Lilo, uma garota havaiana criativa e rebelde, e Stitch, um alienígena fugitivo disfarçado de cachorro. Stitch, oficialmente conhecido como experimento 626, acaba sendo adotado por Lilo como animal de estimação, e os dois embarcam em uma jornada caótica e cheia de afeto, descobrindo juntos o verdadeiro significado de família.

A convivência entre a energia caótica de Stitch e o jeito único de Lilo gera uma série de confusões que chamam a atenção até da assistente social responsável por avaliar o bem-estar da menina. Sob os cuidados da irmã mais velha, Nani, que assumiu a tutela após a morte dos pais, Lilo precisa equilibrar a turbulência causada por seu novo amigo — e por ela mesma — além das responsabilidades familiares. A trama, em conjunto com a animação de 2002, mistura humor, ação e emoção, mostrando como laços improváveis podem transformar vidas.
A construção narrativa do filme revela alguns desafios da nova adaptação em paralelo ao que já vimos anteriormente na animação. O roteiro de Chris K.T. Bright e Mike Van Waes conseguem explorar bem o que já deu certo e, com as inovações trazidas para a trama, conecta os novos personagens e transmite uma ligação com a animação de forma criativa e divertida.
Porém, o live-action falha em manter algumas das principais essências ao abordar a parte dos aliens na história. A ausência de certos personagens pode ser explicada por questões de orçamento e pelo esforço em manter bons efeitos visuais, que ficam evidentes principalmente em Stitch. Isso torna a caracterização e a dinâmica entre Jumba (Zach Galifianakis) e Pleakley (Billy Magnussen) mais "pé no chão", com mudanças visuais — inclusive ousando ao colocar os dois caçadores disfarçados de humanos durante a estadia na Terra.

No núcleo terrestre, as irmãs enfrentam diversos desafios, muitos dos quais são abordados diretamente na trama, enquanto outros ficam subentendidos ao longo do filme. Um dos acertos do roteiro é explorar mais a relação de Nani com o surfe, as contas atrasadas, sua responsabilidade com Lilo e suas dúvidas sobre a faculdade e o trabalho. Tudo isso reflete os problemas vividos por Lilo, que frequentemente se sente sozinha devido ao seu jeito de ser e à dor pela perda dos pais.
Destacam-se as atuações e a conexão entre Sydney Agudong (Nani) e, principalmente, Maia Kealoha (Lilo). Juntas, elas criam uma relação familiar envolvente, no estilo sitcom: brigam, mas sempre voltam a se unir. Maia Kealoha brilha no papel de Lilo, mostrando criatividade e originalidade ao dar vida a uma personagem muito popular, sem demonstrar medo da pressão das câmeras. Sua performance é marcada por emoção e fofura em todas as interações com Stitch e os demais personagens do filme.

O longa é repleto de boas expressões e acerta em cheio nas músicas e nas interações entre os núcleos, mesmo que já sejam familiares ao público. Os efeitos visuais, dentro do possível, são excelentes — com Stitch impecável, realista e agradável de assistir. A Disney mostra que conseguiu se superar no uso do CGI.
Sob a direção de Dean Fleischer Camp, o filme atinge seu objetivo de transmitir a mensagem sem perder a ternura, como já visto em Marcel the Shell with Shoes On (2021). Com experiência, o diretor não se arrisca tanto, mas executa o básico com excelência, respeitando os méritos da animação original e fortalecendo o carinho dos fãs que abraçaram a adaptação.
Dessa forma, Lilo & Stitch (2025) carrega significado, emoção e nostalgia para quem já viu ou verá pela primeira vez. Mesmo com pequenas falhas, o filme se sustenta com as novas ideias, destacando a conexão entre Lilo, sua irmã Nani e, principalmente, Stitch — representando o verdadeiro espírito de "Ohana". A obra é mágica ao entregar o que promete, mas deixa a sensação de que algo ficou faltando. Ainda assim, isso não apaga o brilho da experiência de ver uma das melhores animações da Disney ganhar vida com personagens reais.
Nota: 3,5/5
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