CRÍTICA | O Esquema Fenício personifica a estética de Wes Anderson
- Larissa Sena
- 29 de mai.
- 2 min de leitura

Acompanhado de tons pastéis e humor ácido característico, O Esquema Fenício, novo filme de Wes Anderson, traz de volta às telonas o estilo caricato do diretor texano de se contar uma história.
Essa comédia, com um toque de drama, nos apresenta a história do magnata Zsa-Zsa Korda, maior ludibriador da morte e sobrevivente de mais um acidente aéreo. Preocupado com as múltiplas tentativas de atentado à sua vida, Korda, ao retornar para casa, nomeia sua filha, uma freira, como única herdeira de sua fortuna. Juntos, pai e filha embarcam numa missão na tentativa de evadir boicotes fiscais para consolidar seu novo e mais ambicioso empreendimento.
Com granadas servindo de brindes, muitos assassinos de aluguel e um pingo de espionagem industrial, o magnata, a freira e um tutor da vida entomológica embarcam nessa aventura moralmente questionável.
Conhecido por seus roteiros com personagens excêntricos e enquadramentos focados nos objetos em cena, o diretor deu sequência ao seu estilo com essa mais nova produção. Elementos em cena se tornam mais que isso e ganham vida, por meio de artimanhas artísticas e desvio do foco apenas no personagem para, por exemplo, sua adaga cravejada ou o jornal do dia. A paleta de cores leves e sem muitos contrastes, acompanhada de uma simetria quase obsessiva, torna esse filme mais uma amostra cinematográfica da estética Wes Anderson, prazerosa do ponto de vista visual, mas enrijecida do ponto de vista técnico.

O elenco de peso, repetido ao longo de múltiplas produções, contou com a entrada recente de Michael Cera e Benedict Cumberbatch, que encaixam tão perfeitamente na estética inerente de Wes que chegam a nos fazer questionar: como essa dupla não havia sido adicionada anteriormente ao grupo de atores comprometidos com os projetos desse diretor?
O filme conta uma história repartida em caixas de sapato, cada uma para um sócio ativo e financiador do novo grande esquema de Zsa-Zsa, mas o roteiro, apesar de coerente, deixa espaço para dúvidas, principalmente ao redor do que é esse tão aclamado “esquema fenício”.

Para os fãs ávidos, esse filme cai no mesmo padrão de outras produções mais recentes do diretor, que parecem, na busca pela manutenção de um estilo tão único, perder a mão do foco na história e na maneira de contá-la. Como filme individualizado de seu contexto, é uma boa indicação de filme para um fim de tarde, mas, como parte de um conjunto de produções fílmicas que contam com películas como O Grande Hotel Budapeste e O Fantástico Senhor Raposo, O Esquema Fenício deixa um gostinho de quero mais no equilíbrio entre a beleza da história e a beleza da maneira como ela é contada.
Nota: 3,5/5
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