top of page
moqueka

CRÍTICA | Bob Marley: Uma ponta solta na história

Atualizado: 8 de jun. de 2024


Uma das maiores vozes do Reggae Music de todos os tempos chega nas telonas para relembrar os marcantes feitos do cantor para seu país, assim como as dificuldades enfrentadas pela sua família e seus conhecidos. Bob Marley: One Love tem seu pontapé com um letreiro que nos insere na Jamaica de 1976, quando alguns hits do cantor já existiam. Além disso, nos leva a entender os conflitos políticos do país, tendo uma disputa de longa data entre elementos de direita (Partido Trabalhista da Jamaica) e de esquerda (Partido Nacional Popular), muitas vezes explodindo em violência, conjurando uma guerra urbana.


One Love nos mostra uma característica de cinebiografia bem distinta do que conhecemos, muito disso por conta da direção de Reinaldo Marcus Green de King Richard: Criando Campeãs, onde mostra a visão do Richard Williams sobre suas filhas. Assim, o novo longa de Bob Marley exibe as fases do que o lendário cantor se tornou e sua simbolização para o mundo.


No papel principal, temos Kingsley Ben-Adir que consegue se conectar perfeitamente à trama e entender o Bob Marley como uma pessoa que falhava e era vulnerável em determinados sentimentos, mesmo sendo um grande símbolo hoje. Sem dúvidas, Ben-Adir conquista na sua atuação ao capturar as fases mais duras da vida do cantor ao deixar seu país por conta dos ataques, fazendo músicas mais impactantes e ao descobrir sua doença por conta de um acidente ao jogar bola.


Bob Marley e a cultura Rastafári


Foto: Reprodução/Paramount Pictures


Por mais que o filme mostre um período específico, ele traz alguns flashbacks da infância e do início da carreira do cantor. Nascido em 6 de fevereiro de 1945, em Nine Mile, uma vila situada na paróquia jamaicana de Saint Ann, no interior do país, o artista era filho de Cedella (mãe) e Norval (pai), que se casaram no dia 9 de junho de 1944 devido à gravidez de Cedella. Entretanto, após o casamento, Norval viajou no dia seguinte para Kingston, voltando apenas para conhecer o seu filho que havia nascido. Após o nascimento, Norval partiria novamente para Kingston, parando de responder às cartas de sua esposa e abandonando mãe e filho.


Muitas das cenas do seu passado são de um certo ponto interpretativas, como a que mostra seu pai e a vida dele com sua mãe. Porém, uma das cenas mais interessantes é como Bob conheceu a religião e o movimento Rastafári que se iniciou na década de 30. Em sua etimologia, o Rastafári sempre foi concebido como um modo de vida para e por pessoas de ascendência africana. Assim, um movimento social e religioso. Em tela, ele é apresentado pela sua esposa Rita Anderson mostrando um ritual.


Exodus


Um dos acertos do filme é sua fotografia, pois ela é responsável por transmitir cada sentimento do protagonista e na atmosfera de cada fase da obra. É evidente ver o trabalho da produção ao retratar cada cenário, paisagens, principalmente na Jamaica e em Londres e os shows. Outro ponto bem empenhado são os figurinos e os dreadlocks dos personagens.


Foto: Reprodução/Paramount Pictures


Já no elenco, contamos com uma ótima atuação do Ben-Adir (One Night in Miami…) e da Lashana Lynch (Capitã Marvel), que interpreta a Rita e, sem dúvidas, carrega o longa com uma performance forte e hegemônica; os dois conseguem se destacar muito bem, seja na relação do casal ou nas cenas individuais. Em questão da dublagem e mixagem das músicas, é bem expressivo ver cada personagem buscando veracidade na interpretação, já que Bob Marley & The Wailers sempre tentaram traduzir seus sentimentos em cada canção, e isso fica bem presente no longa.


One Verdict Love


Foto: Reprodução/Paramount Pictures


Bob Marley: One Love está longe de ser um filme cinebiografia ou de grandes números musicais, muito disso devido ao seu diretor, que sempre tenta buscar formas ousadas de contar uma história que, em tese, já é conhecida ou não. A obra, sem dúvidas, é carregada pelo peso de seus dois grandes atores nos papéis principais, além de uma ótima fotografia e suas nostálgicas músicas, que sempre tentam buscar seu simbolismo e mostrar uma visão do mundo em prol da paz.


Porém, narrar a vida de um dos mais lendários músicos poderia ter sido diferente, tendo mais ênfase em sua trajetória até a morte ou buscando uma linearidade na montagem do filme que, em determinados pontos, pode frustrar quem espera algo já genérico ou uma homenagem soberana.


Nota: 3/5 🌴🎶





Comments


bottom of page