top of page
moqueka

Efeito Barbenheimer | O movimento, as sessões e os cinemas

Atualizado: 8 de jun. de 2024

Na última quinta-feira (20), os filmes Barbie e Oppenheimer chegaram aos cinemas brasileiros em meio a um movimento iniciado nas redes sociais. Uma semana após a estreia do fenômeno Barbenheimer, a dupla já soma mais de US$ 600 milhões mundialmente. Além dos altos números de bilheteria, os sucessos de Greta Gerwig e Christopher Nolan também estão sendo elogiados pela crítica e amplamente citados nas redes sociais.

Barbenheimer
Foto: Reprodução/ IGN

Após o anúncio da estreia dupla dos dois filmes, a internet reagiu de imediato com uma “explosão de memes” nas redes sociais. A comparação entre as duas produções surgiu pelo grande contraste nas cores e nas temáticas trabalhadas em cada filme. De um lado, Barbie prometia apresentar um mundo fantástico e colorido em uma história com humor e música. Já Oppenheimer contaria a história do diretor do projeto que deu origem à bomba atômica. O termo “Barbenheimer” foi então criado para nomear esse movimento onde cada um deveria escolher seu lado na rivalidade.


Em meio às brincadeiras, houve quem quis se aproveitar da repercussão para lucrar em cima dos filmes. No Twitter, ainda é frequente se deparar com centenas de perfis promovendo produtos para o evento Barbenheimer, como camisas e canecas. Nem mesmo grandes empresas ficaram de fora, vide o Burguer King com o criticado combo do hamburger rosa.


Muito se questionou se um dos estúdios poderia escolher outra data para a estreia, visando não atrapalhar sua bilheteria, mas a Warner e a Universal entenderam que os públicos de cada filme são diferentes e não haveria disputa entre as produções, apesar de rumores sobre o relacionamento entre Nolan e a Warner indicarem o contrário. No entanto, os dois estúdios não esperavam que a briga iniciada na internet iria evoluir. O fenômeno Barbenheimer passou a incentivar o público a assistir aos dois filmes no mesmo dia. As disputas sobre qual obra seria melhor deram lugar à discussões acerca da ordem certa para aproveitar ao máximo dos dois longas.

Hoje, uma semana após o lançamento de Barbenheimer no Brasil, já é possível afirmar que o lançamento duplo foi um sucesso e teve influência direta das redes sociais. Mas essa não é a primeira vez que dois filmes estreiam no mesmo dia e se complementam na bilheteria. Na verdade, essa prática é até comum na história do cinema e é chamada de double feature.


Sessão Dupla


O double feature (ou sessão dupla em uma tradução livre) era a forma que os estúdios acharam para reter o público nos cinemas e aumentar os lucros durante a época da Grande Depressão, um período de crise na economia mundial e, principalmente, dos Estados Unidos. A prática começou na década de 30 e consistia na exibição de dois filmes de forma seguida. A ideia de assistir a dois filmes pelo preço de um impactou diretamente na indústria, já que os estúdios podiam diminuir a qualidade e investir na quantidade.

Double Feature de Morte Para Um Monstro e Planeta dos Vampiros
Double Feature de Morte Para Um Monstro e Planeta dos Vampiros

Esse movimento dos donos de cinema entrou em declínio já na década de 40. A partir desse período, as sessões duplas perderam força no mercado e tiveram que mudar de estratégia. Atualmente, não é comum que mais de um filme seja exibido em uma sessão, mas o ato de assistir a duas produções em um único dia também pode ser considerado como um double feature.


Quem já viu ou planeja ver Barbie e Oppenheimer no mesmo dia terá quase 5 horas para aproveitar e estará participando de um movimento já conhecido na história do cinema. Mas engana-se quem pensa que Barbenheimer está revolucionando a indústria novamente.


Mais duplas famosas

Em 2007, os diretores Quentin Tarantino e Robert Rodriguez se juntaram para lançar Grindhouse, um projeto double feature com os filmes “À Prova de Morte” e “Planeta Terror”. A ideia era de uma exibição dupla dos filmes para replicar a experiência das sessões duplas.

Antes, em 2003, Duel Project foi lançado em meio a um desafio entre dois diretores japoneses. Durante um de seus encontros, Ryûhei Kitamura e Yukihiko Tsutsumi apostaram sobre quem conseguiria fazer o melhor filme em uma semana. Aragami e 2LDK foram exibidos em um double feature e caberia ao público votar para escolher o vencedor do duelo.


Outros filmes lançados no mesmo final de semana também movimentaram a bilheteria dos cinemas no mundo e não são novidade para o diretor Christopher Nolan. Em 18 de julho de 2008, Batman: O Cavaleiro das Trevas e Mamma Mia! estrearam simultaneamente. O caos promovido pela figura do coringa de um lado e a cantoria envolvente das músicas do ABBA arrecadaram pouco mais de US$ 1,6 bilhões.

Batman e Mamma mia!
Foto: Lais Borges/Inverse

A volta do cinema?


Os efeitos da pandemia ainda podem ser sentidos em comportamentos do cotidiano. Durante o período de reclusão, ir ao cinema ficou inviável e o streaming, que estava se tornando mais presente a cada dia, se consolidou como uma forma de consumir conteúdos cinematográficos.


O retorno gradual aos ambientes fechados trouxe o público de volta para as salas de cinema. No entanto, as grandes empresas responsáveis pelos blockbusters (filmes que são considerados muito populares) encontraram dificuldade para emplacar novos sucessos de bilheteria, tirando algumas exceções como a Marvel. O sucesso da dupla Barbie e Oppenheimer representou o maior fim de semana dos últimos quatro anos em vendas de ingressos. O último evento dessa escala para o mundo dos cinemas foi o lançamento de Vingadores Ultimato, exatamente no ano anterior ao início da pandemia. Desde então, nada havia chegado perto de repetir a experiência.


Durante as exibições do filme da Marvel, era comum ver pessoas fantasiadas com as roupas de seus heróis favoritos ou usando adereços que fizessem menção ao universo cinematográfico da editora norte-americana. Agora, os trajes de herói foram substituídos por roupas rosas e até cosplays da boneca Barbie. Embora não seja tão forte quanto a "pink energy", também existem algumas pessoas que vão de terno referenciando Oppenheimer.

Fila para ver Barbie
Foto: Letycia Bernadete/ Tribuna de Minas

A rivalidade amistosa que está levando o público de volta ao cinema merece a atenção das produtoras, dos estúdios e do próprio público. Sempre que alguém questionar a vida útil dos cinemas, lembre-se que essa indústria já renasceu diversas vezes. Cada novo recomeço mostra a força da sétima arte e Barbenheimer é a prova de que o cinema está mais vivo do que nunca.



Comentarios


bottom of page