CRÍTICA | Oh, Canadá é uma poesia sobre o tempo
- João Moura
- 5 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de jun.
Em uma hora e meia perfeitamente redonda, Paul Schrader (O Contador de Cartas) empenhou-se em adaptar a obra "Foregone", do consagrado escritor estadunidese Russell Banks, compondo uma bela homenagem póstuma. "Oh, Canadá" passeia pelas memórias do persongem fictício Leonard Fife (Richard Gere e Jacob Elordi), um famoso e respeitado diretor documentarista, que vive os seus últimos suspiros em tela. A fotografia com luzes baixas de Andrew Wonder (Feral) dá o tom intimista e ambienta uma viagem no tempo complexa, dramática e metalinguística. A trama fisga, mas deixa lacunas para trás.

Com uma mistura de contemplação e arrependimento, Leonard conta sua história de frente para as câmeras de seus antigos alunos, Malcolm (Michael Imperioli) e Diana (Victoria Hill), que desejam documentar uma biografia do diretor. Acompanhamos as nuances da vida de um homem vaidoso, nostálgico e amargurado. Leo é um sedutor irresponsável e desprendido de quaisquer laços afetivos, até que passe a depender daqueles que realmente o amam.
O roteiro transita entre flashbacks e brinca com os limites da realidade ao trocar de posição as versões jovem e velha do protagonista por algumas vezes. Fantasiosas ou não, Fife agarra-se às lembranças de seus antigos romances, enquanto luta contra um câncer terminal. "Quando você não tem mais futuro, tudo que lhe resta é olhar para o passado".

A presença de um segundo narrador dá a entender, por um momento, que a perspectiva do filme parte do filho de Fife, Cornel (Zach Shaffer), e confunde muito mais do que acrescenta.
O elenco de peso, que desempenha performances precisas e delicadas, é um dos principais instrumentos de conquista do espectador. Emma, como uma âncora, simboliza toda a base que Leonard ainda tem, em seus últimos momentos de vida, e a atuação impecável de Uma Thurman faz jus à carga dramática da personagem.
Nota: 2,5/5








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