AKIRA | Um Clássico Nunca Morre
- Victor Lee
- 14 de nov. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 8 de jun. de 2024

Akira é um mangá japonês criado em 1981 por Katsuhiro Otomo que, devido ao seu sucesso, acabou ganhando uma adaptação em anime, lançada em 1988. O longa conta com a participação do próprio Otomo em seu roteiro e na direção.
A obra é uma das mais irreverentes e abriu as portas de obras ocidentais para o mundo. Com seu conceito complexo, teor violento e tom pesado em uma animação, a sua história configura o marco fílmico para gerar um anime que foge à regra de clichês, das práticas conhecidas hoje.
Assim como sua força no mangá e no anime, a trama se consolida como parte de um subgênero alternativo da ficção científica. O termo Cyberpunk foi criado em 1980 pelo escritor Bruce Bethke para o seu conto de mesmo nome. A obra, no entanto, só seria publicada em novembro de 1983, em Amazing Science Fiction Stories.
Akira e sua animação
Por sua animação revolucionária, cada quadro do filme foi composto com uma maior atenção aos detalhes e às cores. Dessa forma, proporcionou uma riqueza de difícil comparação, em especial devido ao uso de cores saturadas e misturadas com tecnologia.
Dessa maneira, entendemos um pouco mais do que Bethke queria dizer: - O indivíduo cyberpunk é uma espécie de "pichador virtual" que se utiliza de seu conhecimento acima da média dos usuários para realizar protestos contra a sistemática vigente das grandes corporações, sob a forma de vandalismo com cunho depreciativo, a fim de infligir-lhes prejuízos sem, contudo, auferir qualquer ganho pessoal com tais atos.
Diante disso, compreendemos o quanto sua animação é influência para outras, sendo um grande legado estético e crítico com um visual gráfico que conquista. Exemplificando, temos animações de grande porte hoje como Aranhaverso, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, Love Death e Robots entre várias outras que saem de um padrão se tornando uma belíssima obra de arte. Assim como Akira é uma grande evolução desde os anos 80.
O Enredo
A história é ambientada no ano de 2019, na cidade de Neo-Tóquio, que foi reconstruída após ser devastada por uma grande explosão durante a Terceira Guerra Mundial. Depois de 30 anos desse ocorrido, passamos a conhecer uma gangue de motoqueiros chamada Cápsulas, liderada por Shotaro Kaneda. O grupo sempre está envolvido em lutas contras outras gangues da cidade. Durante um desses confrontos, Tetsuo, o melhor amigo de Kaneda e o membro mais novo da gangue, acaba se envolvendo em um acidente.

Enquanto estava perseguindo outro motoqueiro, o jovem colide com uma criança de aparência estranha. Embora tivesse o corpo de um menino, a fisionomia lembrava a de um idoso, além de possuir uma pele em tom azulada. No momento que a moto está prestes a colidir com ele, a “criança” usa um poder misterioso que o protege. Por sua vez, Tetsuo acaba caindo inconsciente. Após esse incidente, ambos são capturados pelo exército, que parece ser responsável pelas habilidades do garoto. Kaneda e seus amigos chegam no local e, depois de perceberem que seu companheiro havia sido levado, eles decidem procurar por respostas sobre o que está acontecendo.
Em posse do governo, Tetsuo é submetido a uma série de experimentos, o que permite o desenvolvimento de habilidades parecidas com as da criança com quem se chocou anteriormente. A partir disso, a trama se desenrola, mostrando o jovem desenvolvendo cada vez mais poder e, inevitavelmente, sendo corrompido. Agora, cabe a Kaneda enfrentar seu velho amigo e impedir que ele acabe por destruir a cidade assim como foi na explosão de 30 anos atrás.

Neo-Tóquio: O governo e sua civilização

Na sua narrativa, o longa aborda questões políticas e sociais que afetam a cidade no geral. Na trama, Neo-Tóquio vai sediar as Olimpíadas de 2020. Pensando nisso, o governo tenta maquiar o declínio social com prédios cheios de tecnologia, hologramas e luzes neon.
Em contrapartida, a civilização do local é majoritariamente pobre, as ruas estão sujas, a fome assolava a todos e a violência era cada vez mais presente, sendo representada até no próprio protagonista, uma vez que ele é considerado um delinquente juvenil. Um dos pontos trazidos no filme é como os políticos não se importam com os problemas da cidade, deixando hospitais, escolas e o saneamento básico à mercê da população.
Já a civilização lutava contra o sistema corrupto, em prol de uma vida melhor ou de um ponto final em tudo, como o que aconteceu em 1988 com a explosão causada pela Guerra que o próprio governo bancou.
Em Akira, a cidade funciona como um personagem, se entrelaçando com o elenco principal, até sendo mais protagonista do que o próprio Kaneda e Tetsuo. A cidade pulsa, respira, brilha tornando-se um elemento fundamental da história. Em todas as cenas do filme está acontecendo algo nela: Seja uma briga de gangues, um desfile religioso, uma intervenção militar, uma propaganda passando e assim por diante.
Akira: Cyberpunk e suas Influências na Cultura Pop

A cultura pop no geral sempre tenta apresentar referências ao público. Akira é uma grande idealizadora por mostrar ao mundo ideias Cyberpunk, um subgênero alternativo de ficção científica, conhecido por sua perspectiva de "alta tecnologia e baixa qualidade de vida" o "High tech, Low life". Sendo uma combinação dos nomes, cibernética e punk alternativo.
Outro prisma mostrado na trama é o trabalho do governo com as crianças com poderes. Exemplos disso é Stranger Things, uma das séries mais famosas atualmente pelo público que curte ficção científica.
A obra de Otomo, abriu as portas para outros mangás, como Cowboy Bebop, Ghost in the Shell, Paprika entre outros. Além de filmes como, Alita e Matrix, que apresentam não só a estética cyberpunk nas roupas como também o ambiente como um personagem.
Akira não é só uma influência para filmes e animações. Na música, temos “Stronger” do caricato Kanye West com participação do Daft Punk por conta do sample vocal de "Harder, Better, Faster, Stronger". O clipe é uma grande homenagem, já que apresenta uma versão “live-action” de algumas das cenas com sequências de motocicletas, a origem dos poderes de Tetsuo e a própria cidade, pelo foco no neon e na tecnologia.

Vale a pena?

Desde sua estreia há 35 anos, o tempo pode até ter passado, mas Akira ainda consegue ser inovador. Seja pela arte neon nas motos, a posse que marca gerações ou o seu jeito de demonstrar os problemas da sociedade. Dessa forma, é enriquecedor assistir pela primeira vez ou até mesmo rever esse grande clássico que não morre. Além de ser um filme tão importante para os fãs e para a indústria da Cultura Pop.
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